A obesidade e o sobrepeso são duas condições que têm aumentado de forma significativa em todo o mundo, representando um importante desafio para a saúde pública de proporções pandêmicas.
Ambas estão diretamente relacionadas ao aumento do risco de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e vários tipos de câncer.
O papel do endocrinologista é crucial no tratamento adequado para controle do excesso de gordura corporal, no manejo de suas consequências e na identificação das raras doenças endócrinas causadoras de sobrepeso e obesidade.
Diferença entre obesidade e sobrepeso
O sobrepeso é uma condição em que o peso corporal de uma pessoa excede o que é considerado saudável para a sua altura, mas sem atingir o nível de obesidade.
Já a obesidade é caracterizada por um acúmulo excessivo de gordura corporal, que pode trazer sérias complicações para a saúde.
A classificação do sobrepeso e da obesidade é feita principalmente pelo índice de massa corporal (IMC), calculado dividindo o peso (em quilos) pela altura (em metros) ao quadrado:
- IMC entre 25 e 29,9 kg/m²: Sobrepeso
- IMC maior ou igual a 30 kg/m²: Obesidade
Existem ainda várias classificações para a obesidade, como a mais clássica que se refere à sua intensidade: obesidade grau 1 (IMC entre 30 e 34,9), obesidade grau 2 (IMC entre 35 e 39,9) e obesidade grau 3 (IMC acima de 40).
Uma outra classificação proposta pela ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) em 2022 diz respeito à resposta ao tratamento clínico da Obesidade: ela divide os pacientes em tratamento não cirúrgico como tendo obesidade inalterada, reduzida ou controlada, dependendo do tanto que o peso diminuiu com o tratamento em relação ao peso máximo alcançado pelo paciente durante sua vida.
Quais são os primeiros sinais da obesidade?
Os primeiros sinais de obesidade nem sempre são fáceis de identificar, já que o ganho de peso ocorre de forma gradual na maioria dos casos.
No entanto, há alguns indícios que podem sugerir que o peso corporal está atingindo um nível preocupante e pode evoluir para obesidade.
Os principais sinais incluem:
- Aumento gradual do peso: Um dos primeiros sinais é o aumento persistente de peso ao longo do tempo, mesmo que seja devagar. Isso pode ser notado ao tentar vestir roupas que não se ajustam mais como antes.
- Aumento da circunferência abdominal: O acúmulo de gordura na região abdominal é um dos primeiros sinais visíveis de obesidade. Uma cintura mais larga pode ser um indicativo de risco aumentado para problemas metabólicos e cardiovasculares.
- Cansaço frequente: O excesso de peso pode sobrecarregar o corpo, resultando em cansaço constante, falta de energia para atividades simples e sensação de cansaço aos pequenos esforços.
- Dificuldade para respirar ou falta de ar: O acúmulo de gordura no tórax e abdômen pode dificultar a respiração e causar falta de ar, especialmente durante atividades físicas.
- Dores nas articulações e músculos: O peso excessivo sobrecarrega as articulações, principalmente joelhos, quadris e pés, causando dores e até dificultando a movimentação.
- Aumento da pressão arterial: A hipertensão arterial pode ser um dos primeiros sinais de que o corpo está sobrecarregado pelo excesso de peso, mesmo antes de se atingir um estágio mais avançado de obesidade.
- Alterações nos níveis de colesterol e glicemia: A obesidade muitas vezes está associada a alterações metabólicas, como o aumento dos níveis de triglicérides, bem como alterações nos níveis de glicose no sangue, que podem indicar resistência à insulina.
Identificar esses sinais cedo é essencial para tomar medidas preventivas e evitar que o sobrepeso evolua para a obesidade.
Manter um controle regular do peso e realizar exames médicos periódicos é importante para detectar esses primeiros sinais.
Limitações do IMC:
Embora o IMC seja uma ferramenta útil para identificar a obesidade, ele não leva em consideração outros fatores, como massa muscular, distribuição de gordura, condições metabólicas associadas, trajetória de peso ao longo da vida nem biotipo de cada indivíduo.
Por isso, é importante que o diagnóstico de obesidade seja feito por um profissional de saúde, como um endocrinologista, que pode levar em conta uma análise mais completa da composição corporal e da saúde geral do paciente.
Causas da obesidade e do sobrepeso
As causas do sobrepeso e da obesidade são complexas e multifatoriais, envolvendo uma combinação de fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais.
Na endocrinologia, uma avaliação cuidadosa é necessária para identificar possíveis desregulações hormonais que contribuem para o ganho de peso.
Fatores principais que levam ao sobrepeso e obesidade incluem:
- Genética: A predisposição genética pode aumentar a probabilidade de uma pessoa desenvolver obesidade, especialmente quando combinada com fatores ambientais desfavoráveis. Na maioria dos casos a obesidade é multifatorial, com uma contribuição de vários genes para sua origem associado a fatores ambientais, de estilo de vida e comportamentais. Porém há alguns casos raros de obesidade monogênica em que um único gene mutado causa isoladamente obesidade.
- Estilo de vida sedentário: A falta de atividade física regular é um importante fator que contribui para o excesso de gordura corporal.
- Alimentação inadequada: Dietas ricas em calorias, carboidratos refinados, açúcares e gorduras são grandes responsáveis pelo aumento do sobrepeso e obesidade.
- Distúrbios emocionais: O estresse, a ansiedade e a depressão podem levar à comer transtornado ou mesmo transtornos alimentares e, assim, induzir ganho de peso.
- Transtornos do sono: O comprometimento crônico tanto da quantidade quanto da qualidade do sono pode influenciar nosso comportamento alimentar e a disposição para atividades físicas, contribuindo, dessa forma, para o acúmulo de tecido adiposo.
- Medicações: Algumas medicações podem causar ganho de peso significativo e há uma variabilidade entre os indivíduos em relação a susceptibilidade e a magnitude desse efeito colateral. É importante não se automedicar e sempre discutir com seu médico potenciais efeitos colaterais das medicações.
- Desregulação hormonal: Condições como síndrome de Cushing e a resistência à insulina podem influenciar diretamente o metabolismo e favorecer o acúmulo de gordura. Outras raras doenças endócrinas associadas a ganho de peso são insulinoma, hiperprolactinemia e obesidade hipotalâmica.
Consequências da obesidade e do sobrepeso
O sobrepeso e a obesidade estão diretamente associados a uma série de complicações metabólicas e doenças crônicas.
Algumas das consequências mais comuns incluem:
- Diabetes tipo 2: O excesso de peso pode levar à resistência à insulina, principal fator de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
- Hipertensão arterial: O aumento da pressão arterial é comum em pessoas com sobrepeso e obesidade, devido a substâncias que o tecido adiposo produz (adipocinas) e ao estresse adicional que o excesso de peso coloca sobre o coração e vasos sanguíneos.
- Doenças cardiovasculares: Pessoas obesas têm maior risco de desenvolver doenças cardíacas, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC).
- Apneia do sono: O acúmulo de gordura na região do pescoço pode obstruir as vias aéreas durante o relaxamento que ocorre ao dormir, resultando em apneia do sono, um distúrbio que interrompe a respiração durante o sono.
- Problemas articulares: O peso excessivo sobrecarrega as articulações, aumentando o risco de osteoartrite, especialmente nos joelhos e quadris.
- Problemas emocionais: O sobrepeso e a obesidade também podem impactar a saúde mental, contribuindo para baixa autoestima, ansiedade e depressão.
Tratamento da obesidade e sobrepeso na endocrinologia
O tratamento para o sobrepeso e a obesidade envolve mudanças no estilo de vida, terapia nutricional, prática de exercícios físicos e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Em situações mais graves, a cirurgia bariátrica pode ser indicada.
O endocrinologista desempenha um papel central na identificação das causas hormonais e metabólicas que contribuem para o ganho de peso e no desenvolvimento de um plano de tratamento individualizado com maiores chances de sucesso.
Abordagens principais no tratamento:
- Ajustes na dieta: Um plano alimentar balanceado, que inclua o controle da ingestão calórica e a escolha de alimentos nutritivos, é fundamental. O acompanhamento de um nutricionista é altamente recomendado.
- Atividade física regular: Exercícios físicos ajudam a aumentar o gasto calórico e melhorar a saúde cardiovascular e metabólica.
- Medicamentos: Em alguns casos, medicamentos para controle do apetite, da saciedade e/ou do comer emocional, redução da absorção de gordura ou regulação do metabolismo podem ser prescritos pelo endocrinologista. Cabe também a esse profissional identificar quando há suspeita de transtorno alimentar e encaminhar para avaliação especializada de profissional da saúde mental.
- Terapia comportamental: Abordagens que focam na modificação de hábitos alimentares e na gestão do estresse e das emoções são fundamentais no controle do peso.
- Cirurgia bariátrica: Para pacientes com obesidade grau 3 (IMC acima de 40), ou aqueles que têm obesidade grau 2 com doenças associadas, a cirurgia bariátrica pode ser indicada como uma opção de tratamento, desde que acompanhada de mudanças no estilo de vida.
Prevenção da obesidade e sobrepeso
A prevenção do sobrepeso e da obesidade começa com a adoção de hábitos saudáveis desde a infância.
O incentivo à prática de exercícios físicos regulares, a educação alimentar e o controle do estresse são essenciais para evitar o ganho de peso excessivo.
Além disso, é importante que pessoas com predisposição genética ou com desequilíbrios hormonais realizem acompanhamento médico frequente para monitorar o risco de obesidade.
Qual médico procurar em Belo Horizonte em caso de obesidade e sobrepeso?
Dra. Maria Gabriela Pimentel é especialista em Endocrinologia e Metabologia, atende adultos e gestantes.
Defende a Medicina Centrada na Pessoa, com respeito à autonomia do sujeito através da Educação em Saúde.
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